terça-feira, 28 de abril de 2009

Os judeus na diáspora na Ásia Menor nos tempos de Paulo, Lucas e João.

Eduardo Arens em seu livro Ásia Menor nos tempos de Paulo, Lucas e João: aspectos sociais e econômicos para a compreensão do Novo Testamento; reconstrói o contexto social, econômico, político e religioso necessário para compreender o nascimento, desenvolvimento e expansão das comunidades cristãs pela Ásia Menor, no primeiro século da nossa era. Sem levar em conta esse contexto, os escritos dos primeiros missionários cristãos correm o risco de serem mal interpretados. O livro é de grande ajuda para a compreensão dos escritos de Paulo, Lucas e João.

É importante ter uma visão clara das relações dos judeus e não-judeus na cidade da Ásia Menor. Os judeus tinham uma religião monoteísta que dificultava a integração no ambiente não-judaico e a idiossincrasia dos judeus produziu inúmeras violências.

As comunidades judaicas se instalaram em praticamente todas as cidades do império romano, como fica constatado em muitas fontes da época. Houve uma crescente migração judaica principalmente no oriente, aproveitando a facilidade das estradas e navegação proporcionadas por Roma.

Infelizmente não encontramos muitos escritos sobre o judaísmo na Ásia Menor, pois foi concentrada a atenção ao judaísmo em Alexandria e no Egito, daí a escassez de informação.

A relação entre judeus e Roma foi cordial durante o século I. Estes obtiveram alguns privilégios por parte de Roma, pois o Império Romano exercia a política da diplomacia, evitando confrontos desnecessários. Todavia, é importante mencionar que o acumulo de privilégios causavam a insatisfação dos outros povos, que desaprovavam esse pseudo favoritismo.

As congregações judaicas da diáspora eram muito unidas, principalmente aquelas que tinham algo em comum, possuíam suas regulamentações próprias que variavam numa e noutra cidade, a autoridade máxima na sociedade judaica era o patriarca e em toda cidade havia pelo menos uma sinagoga, centro onde girava a comunidade judaica.
No judaísmo havia diferentes níveis sociais e econômicos, sendo que todos tinham a mesma regra de vida, sem nenhuma distinção socioeconômica.

Para os romanos os judeus da diáspora eram pererini, exceto se fossem cidadãos romanos. Aos judeus não era permitido ocupar cargo público, uma vez que para ocupá-los deveriam comungar das cerimônias religiosas romana, o que para os judeus era um grande erro. Alguns se submeteram a tais cerimônias com o intuito de galgar uma posição pública, e devido a isso foram considerados apóstatas da religião judaica.

É fato que a vida econômica dos judeus é incerta, pois não encontramos escritos que nos esclareçam a dinâmica parcimoniosa. Todavia, sabe-se que muitos que se dedicavam ao campo eram em geral pobres. Há indícios que os judeus ricos eram exceção, e os judeus da diáspora eram mais pobres do que ricos.

Mesmo com essa característica relativa à economia, com o passar do tempo o judaísmo começou a se tornar atraente para os não-judeus, e alguns dos motivos foi: a crença em um único Deus; revelação divina sólida respaldada pela Sagrada Escritura; a presença de uma ética clara e precisa; uma vida ordenada, sã, honrada; senso de solidariedade presente no judaísmo.

O paradigma de vida dos judeus mencionado acima, em contraste com estilo de vida dos não-judeus, que incluía um panteão de deuses; uma fé sem ter um respaldo sólido, fez com que muitos se tornassem prosélitos ao judaísmo.

Ser prosélito ao judaísmo implicava na época, em sofrer duras penas da sociedade não judaica, pois os judeus eram desprezados, ridicularizados, odiados, inclusive perseguidos e algumas vezes se lhes deu a morte; logo ser prosélito ao judaísmo incluiria sofrer duras perseguições.

Agora é fato que o judaísmo era admirado por uns, desprezados por outros, era esse o contexto vivido pelos judeus e o interessante é que esse povo também descriminava o gentio, o não-judeu ainda que isso não se manifestasse de forma violenta.

A última parte da leitura programada para síntese pretende dar uma visão social das filosofias e religiões, mencionando as mais influentes do século primeiro, como: o cinismo; estoicismo; epicurismo; neoplatonismo; neopitagorismo; religiões. Cada um com suas características têm a sua parcela de contribuição. As filosofias com seu enfoque sobre a vida, a partir de experiências e situações vividas. As religiões encerram um enfoque filosófico acerca do homem e de sua vida.

A leitura do livro de Eduardo Arens com toda certeza acrescentará conhecimento a todos que querem compreender os judeus na diáspora.

Odirley N. Tavares é pastor na Igreja Batista Missionária e Consultor de Relacionamento na Atendo Brasil S/A.

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