segunda-feira, 27 de abril de 2009

Política e sociedade no Império Romano do século I d.C.

Eduard Lohse em seu livro Contexto e Ambiente do Novo Testamento; apresenta uma exposição clara e concisa de suas convicções, estando sempre fundamentadas em criteriosa pesquisa histórica. Analisando todos os contextos (histórico, religioso, geográfico, político, econômico e social), ele coloca o seu leitor a par dos acontecimentos da época em que foram escritos os diversos livros bíblicos. A partir da análise histórica, o leitor adquire condições para notar os detalhes que até então estavam ocultos, sem sentido e complicados.

O teor da obra de Lohse é nada menos do que o próprio título revela: “Contexto e Ambiente do Novo Testamento”.

O Novo Testamento, seus autores e personagens históricos importantes nasceram no ambiente político-religioso do judaísmo e o evangelho foi proclamado em determinado lugar e tempo da história. Por isso, de acordo com o que diz o próprio autor, é necessário não somente estudar as línguas faladas naquele tempo – hebraico, aramaico e grego – mas também conhecer, tão exatamente quanto possível, a situação política, as condições de vida e os costumes daquelas pessoas, suas esperanças, expectativas, suas idéias e opiniões para conhecermos melhor os condicionamentos histórico-culturais em que se deu a manifestação de Deus.

Quanto mais conhecermos o ambiente em que o anúncio cristão encontrou os homens, melhor conseguiremos traduzir o conteúdo dessa mensagem, o modo de falar e as idéias do mundo antigo para a linguagem de nosso tempo.

O livro está dividido em duas partes principais. Na primeira parte do livro, Lohse descreve esse contexto histórico e cultural do judaísmo palestino e helenista. Na segunda parte do livro, o autor dirige-se à política e à sociedade do Império Romano, com uma atenção especial aos movimentos religiosos e filosóficos, como gnosticismo.

A situação política do império romano durante o século I d.C. é importante para se obter uma compreensão precisa dos acontecimentos da Igreja cristã primitiva, bem como das perseguições sofridas pelos cristãos no decorrer dos governos de Nero e Domiciano.

O apogeu do Império Romano começa sob o domínio dos Césares. Esse domínio foi marcado por desenvolvimento, criação de estratégias militares, distribuição do poder de uma forma supervisionada, a grande autonomia das cidades helenísticas, construção de novas cidades, templos, teatros, aquedutos e outras obras públicas, especialmente novas vias de trânsito, proteção marítima pela armada de César. Tudo isso corroborou para que a economia e comércio florescessem, fazendo de Roma um grande império.

Durante o poderio romano, alguns Césares foram mais aclamados devido a sua forma de conduzir o império, outros não foram vistos com bons olhos devido à crueldade aplicada ao povo, entre eles destacam-se Nero e Dominiano, ambos vitimas de conjuração.

Já no campo social, o Império Romano era um Estado cosmopolita, onde podia se desenvolver sem obstáculos. No oriente e ocidente falava-se e entendia-se o grego, surgiu também nesse período uma língua simplificada o Koiné, servindo para comunicação geral.

A cultura helenística foi acoplada ao império, possibilitando a aquisição de riquezas e o desenvolvimento de uma vida de bem-estar. Os serviços públicos locais tinham certa autonomia. Era realizado censo populacional, com o fim de estabelecer uma base para fins tributários. A mão-de-obra para a produção e economia baseava-se no trabalho escravo; o escravo poderia se servisse fielmente seu senhor, receber a liberdade, ou pelo menos labutar por adquiri-la.

A família romana vivia em uma organização patriarcal, os filhos eram educados por um escravo que era chamado de pedagogo. No campo das ciências os romanos seguiam a risca os ensinos gregos, mas com o passar do tempo alcançaram um florescimento extraordinário.

Foi criado o culto ao imperador, prática que foi condenada por alguns e tolerada por outros, e que gerou contínuos conflitos, perseguições e muitos sofrimentos.

Contexto e Ambiente do Novo Testamento são, portanto, uma importante ferramenta para exegetas que almejam compreender a mensagem de cada livro do Novo Testamento. Todo e qualquer tipo de estudo neotestamentário deve ser iniciado após uma boa análise do contexto e do ambiente nos quais os textos estão envolvidos.

Referencias Bibliográficas:

LOHSE, Eduard. Contexto e Ambiente do Novo Testamento. Política e sociedade no Império Romano do século I d.C. São Paulo: Paulinas, 2000. p. 187 - 209.

Odirley N. Tavares é pastor da Igreja Batista Missionária e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.

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