segunda-feira, 20 de julho de 2009

Por que produzir ciência?

Ta aí um dilema a ser respondido.

Necessita-se produzir ciência pelo simples motivo; construir conhecimento! O que seria construir conhecimento? Simples, construir conhecimento é lutar por uma sociedade mais homogênea, devemos sempre buscar melhorar, avançar como seres humanos e aprendermos a olhar para outro ser humano como semelhante; independente de sexo, cor, religião ou orientação sexual.

Produzir ciência é muito mais que avançar nas questões tecnológicas. Produzir conhecimento científico é usar a tecnologia em favor das questões humanitárias, é utilizar de uma estrutura na quais poucos tem acesso para socializar o desenvolvimento e o crescimento pessoal ou de um grupo, logo, todos crescem.

As diversas áreas da ciência estão interligadas de uma forma ou de outra. Alguns perguntam: O que tem haver história com a biologia? O que tem haver matemática com geografia? Bem, não tem como trabalhar com a arqueologia sem utilizar conhecimentos de tempo, espaços e costumes com conhecimento de fósseis e meio ambiente.

A história nos conta que o avanço tecnológico e científico por várias vezes mudou a estrutura social, mesmo que a grande massa não tivesse acesso, de alguma forma foi impactada para bem ou para mal.

Não importa qual seja a área, o que devemos incentivar são os estudos e as produções de pensamentos através de grupos de pesquisas e fóruns de debates, sejam elas formais ou informais, afinal é das discussões que surgem novas idéias...

Professor Frederico Machado F Rodrigues

terça-feira, 2 de junho de 2009

O DIÁLOGO SOBRE A SOCIEDADE E UM MODELO IDEAL

Nos debates em sala de aula e até mesmo nas ruas, é comum ouvirmos que a mídia exerce grande poder de influência sobre a sociedade. A maior parte das pessoas reclama dessa hegemonia, mas reconhece que em algum momento se vê influenciada por uma ou outra tendência da moda.

De fato, podemos afirmar que vivemos em busca de um modelo ideal, seja ele do corpo, do status social ou do intelecto. A exemplo do glamour do mundo fashion com as suas Bündchen’s e seus Gianecchini’s, o cinema também dá vida àquilo que gostaríamos de ser ou, pelo menos, de parecer. Aliás, se o contexto é aparência, Angelina Jolie não pode ficar fora. Não bastante as telonas, os quadrinhos também estrelam ícones, sejam eles mocinhos ou vilões. Zé Carioca, personagem criado por Walt Disney, incorpora um brasileiro malandro e não muito chegado ao trabalho.

Durante séculos, vários sociólogos se empenharam para explicar essa questão. Seus estudos apontaram que o processo de aculturação tem, desde as sociedades antigas - nas quais se inclue a civilização egípcia - impulsionado o fortalecimento de uma corrente ideológica que, na contemporaneidade, eleva a mídia de forma tal a ser cultuada como uma vitrine do melhor modo de vida e, sobretudo, de comportamento.

Por ora, quando recorremos exclusivamente à nossa capacidade de abstração, compreender conceitos como ideologia, aculturação e idealismo, pode-nos parecer complicado e de algum modo ineficaz. Dessa forma, quero estimular a reflexão sobre a busca do modelo ideal, colocando em evidência uma série de acontecimentos ocorridos na sociedade européia da idade média.

Trago à tona o movimento iluminista e, principalmente, o positivista. A partir do século XV, a população do velho continente começara a atestar os benefícios que os novos inventos e as novas descobertas da ciência podiam proporcionar. Assim, mesmo que ainda contidos pela opressão que a inquisição da Igreja os impunha, passaram a louvar e a reverenciar cientistas, astrônomos, físicos, matemáticos e de forma geral toda a classe acadêmica. De igual modo, nos dias atuais, vivemos sob o domínio majoritário de ideologias rigorosamente consumistas que ditam o estilo de vida nas chamadas “sociedades de massa”.

Gabriel Garcia Bernaz, em seu livro ¿Que és la cultura popular?, conceituou a ideologia como um corpo sistemático de idéias que é articulado por um grupo específico de pessoas. Um exemplo clássico da idéia do autor são as decisões tomadas nas reuniões entre líderes de blocos econômicos tais como o G-8 – grupo dos oito países mais industrializados do mundo, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e afins. No mundo da economia, sabe-se que as medidas de investimento ou de redução de gastos são vinculadas ao comportamento do mercado financeiro. Tal comportamento é amplamente influenciado pelas políticas adotadas pelos governos que, outrora, são reflexo da concepção ideológica dos membros que os compõem.

Dessa forma, podemos entender, sobretudo, que esta articulação de idéias sempre ocorrerá. Haja vista o ritmo frenético da vida nos grandes centros que nos leva à busca de algo bom e novo e ainda nos faz acreditar que a aquisição desses “valores” só se dá por intermédio de entidades que de forma consciente, ou não, postulamos serem produtoras de verdade e conhecimento.
Allan David Silva - Acadêmico de Jornalismo na Faculdade Araguaia e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Os judeus na diáspora na Ásia Menor nos tempos de Paulo, Lucas e João.

Eduardo Arens em seu livro Ásia Menor nos tempos de Paulo, Lucas e João: aspectos sociais e econômicos para a compreensão do Novo Testamento; reconstrói o contexto social, econômico, político e religioso necessário para compreender o nascimento, desenvolvimento e expansão das comunidades cristãs pela Ásia Menor, no primeiro século da nossa era. Sem levar em conta esse contexto, os escritos dos primeiros missionários cristãos correm o risco de serem mal interpretados. O livro é de grande ajuda para a compreensão dos escritos de Paulo, Lucas e João.

É importante ter uma visão clara das relações dos judeus e não-judeus na cidade da Ásia Menor. Os judeus tinham uma religião monoteísta que dificultava a integração no ambiente não-judaico e a idiossincrasia dos judeus produziu inúmeras violências.

As comunidades judaicas se instalaram em praticamente todas as cidades do império romano, como fica constatado em muitas fontes da época. Houve uma crescente migração judaica principalmente no oriente, aproveitando a facilidade das estradas e navegação proporcionadas por Roma.

Infelizmente não encontramos muitos escritos sobre o judaísmo na Ásia Menor, pois foi concentrada a atenção ao judaísmo em Alexandria e no Egito, daí a escassez de informação.

A relação entre judeus e Roma foi cordial durante o século I. Estes obtiveram alguns privilégios por parte de Roma, pois o Império Romano exercia a política da diplomacia, evitando confrontos desnecessários. Todavia, é importante mencionar que o acumulo de privilégios causavam a insatisfação dos outros povos, que desaprovavam esse pseudo favoritismo.

As congregações judaicas da diáspora eram muito unidas, principalmente aquelas que tinham algo em comum, possuíam suas regulamentações próprias que variavam numa e noutra cidade, a autoridade máxima na sociedade judaica era o patriarca e em toda cidade havia pelo menos uma sinagoga, centro onde girava a comunidade judaica.
No judaísmo havia diferentes níveis sociais e econômicos, sendo que todos tinham a mesma regra de vida, sem nenhuma distinção socioeconômica.

Para os romanos os judeus da diáspora eram pererini, exceto se fossem cidadãos romanos. Aos judeus não era permitido ocupar cargo público, uma vez que para ocupá-los deveriam comungar das cerimônias religiosas romana, o que para os judeus era um grande erro. Alguns se submeteram a tais cerimônias com o intuito de galgar uma posição pública, e devido a isso foram considerados apóstatas da religião judaica.

É fato que a vida econômica dos judeus é incerta, pois não encontramos escritos que nos esclareçam a dinâmica parcimoniosa. Todavia, sabe-se que muitos que se dedicavam ao campo eram em geral pobres. Há indícios que os judeus ricos eram exceção, e os judeus da diáspora eram mais pobres do que ricos.

Mesmo com essa característica relativa à economia, com o passar do tempo o judaísmo começou a se tornar atraente para os não-judeus, e alguns dos motivos foi: a crença em um único Deus; revelação divina sólida respaldada pela Sagrada Escritura; a presença de uma ética clara e precisa; uma vida ordenada, sã, honrada; senso de solidariedade presente no judaísmo.

O paradigma de vida dos judeus mencionado acima, em contraste com estilo de vida dos não-judeus, que incluía um panteão de deuses; uma fé sem ter um respaldo sólido, fez com que muitos se tornassem prosélitos ao judaísmo.

Ser prosélito ao judaísmo implicava na época, em sofrer duras penas da sociedade não judaica, pois os judeus eram desprezados, ridicularizados, odiados, inclusive perseguidos e algumas vezes se lhes deu a morte; logo ser prosélito ao judaísmo incluiria sofrer duras perseguições.

Agora é fato que o judaísmo era admirado por uns, desprezados por outros, era esse o contexto vivido pelos judeus e o interessante é que esse povo também descriminava o gentio, o não-judeu ainda que isso não se manifestasse de forma violenta.

A última parte da leitura programada para síntese pretende dar uma visão social das filosofias e religiões, mencionando as mais influentes do século primeiro, como: o cinismo; estoicismo; epicurismo; neoplatonismo; neopitagorismo; religiões. Cada um com suas características têm a sua parcela de contribuição. As filosofias com seu enfoque sobre a vida, a partir de experiências e situações vividas. As religiões encerram um enfoque filosófico acerca do homem e de sua vida.

A leitura do livro de Eduardo Arens com toda certeza acrescentará conhecimento a todos que querem compreender os judeus na diáspora.

Odirley N. Tavares é pastor na Igreja Batista Missionária e Consultor de Relacionamento na Atendo Brasil S/A.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Política e sociedade no Império Romano do século I d.C.

Eduard Lohse em seu livro Contexto e Ambiente do Novo Testamento; apresenta uma exposição clara e concisa de suas convicções, estando sempre fundamentadas em criteriosa pesquisa histórica. Analisando todos os contextos (histórico, religioso, geográfico, político, econômico e social), ele coloca o seu leitor a par dos acontecimentos da época em que foram escritos os diversos livros bíblicos. A partir da análise histórica, o leitor adquire condições para notar os detalhes que até então estavam ocultos, sem sentido e complicados.

O teor da obra de Lohse é nada menos do que o próprio título revela: “Contexto e Ambiente do Novo Testamento”.

O Novo Testamento, seus autores e personagens históricos importantes nasceram no ambiente político-religioso do judaísmo e o evangelho foi proclamado em determinado lugar e tempo da história. Por isso, de acordo com o que diz o próprio autor, é necessário não somente estudar as línguas faladas naquele tempo – hebraico, aramaico e grego – mas também conhecer, tão exatamente quanto possível, a situação política, as condições de vida e os costumes daquelas pessoas, suas esperanças, expectativas, suas idéias e opiniões para conhecermos melhor os condicionamentos histórico-culturais em que se deu a manifestação de Deus.

Quanto mais conhecermos o ambiente em que o anúncio cristão encontrou os homens, melhor conseguiremos traduzir o conteúdo dessa mensagem, o modo de falar e as idéias do mundo antigo para a linguagem de nosso tempo.

O livro está dividido em duas partes principais. Na primeira parte do livro, Lohse descreve esse contexto histórico e cultural do judaísmo palestino e helenista. Na segunda parte do livro, o autor dirige-se à política e à sociedade do Império Romano, com uma atenção especial aos movimentos religiosos e filosóficos, como gnosticismo.

A situação política do império romano durante o século I d.C. é importante para se obter uma compreensão precisa dos acontecimentos da Igreja cristã primitiva, bem como das perseguições sofridas pelos cristãos no decorrer dos governos de Nero e Domiciano.

O apogeu do Império Romano começa sob o domínio dos Césares. Esse domínio foi marcado por desenvolvimento, criação de estratégias militares, distribuição do poder de uma forma supervisionada, a grande autonomia das cidades helenísticas, construção de novas cidades, templos, teatros, aquedutos e outras obras públicas, especialmente novas vias de trânsito, proteção marítima pela armada de César. Tudo isso corroborou para que a economia e comércio florescessem, fazendo de Roma um grande império.

Durante o poderio romano, alguns Césares foram mais aclamados devido a sua forma de conduzir o império, outros não foram vistos com bons olhos devido à crueldade aplicada ao povo, entre eles destacam-se Nero e Dominiano, ambos vitimas de conjuração.

Já no campo social, o Império Romano era um Estado cosmopolita, onde podia se desenvolver sem obstáculos. No oriente e ocidente falava-se e entendia-se o grego, surgiu também nesse período uma língua simplificada o Koiné, servindo para comunicação geral.

A cultura helenística foi acoplada ao império, possibilitando a aquisição de riquezas e o desenvolvimento de uma vida de bem-estar. Os serviços públicos locais tinham certa autonomia. Era realizado censo populacional, com o fim de estabelecer uma base para fins tributários. A mão-de-obra para a produção e economia baseava-se no trabalho escravo; o escravo poderia se servisse fielmente seu senhor, receber a liberdade, ou pelo menos labutar por adquiri-la.

A família romana vivia em uma organização patriarcal, os filhos eram educados por um escravo que era chamado de pedagogo. No campo das ciências os romanos seguiam a risca os ensinos gregos, mas com o passar do tempo alcançaram um florescimento extraordinário.

Foi criado o culto ao imperador, prática que foi condenada por alguns e tolerada por outros, e que gerou contínuos conflitos, perseguições e muitos sofrimentos.

Contexto e Ambiente do Novo Testamento são, portanto, uma importante ferramenta para exegetas que almejam compreender a mensagem de cada livro do Novo Testamento. Todo e qualquer tipo de estudo neotestamentário deve ser iniciado após uma boa análise do contexto e do ambiente nos quais os textos estão envolvidos.

Referencias Bibliográficas:

LOHSE, Eduard. Contexto e Ambiente do Novo Testamento. Política e sociedade no Império Romano do século I d.C. São Paulo: Paulinas, 2000. p. 187 - 209.

Odirley N. Tavares é pastor da Igreja Batista Missionária e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

OS LIVROS APÓCRIFOS

Para alguns os apócrifos são simplesmente a expressão da piedade popular sobre Jesus, produzidas no segundo século do cristianismo, e essas informações não acrescentam nada às conservadas nos textos canônicos. Ao contrário, elas deturpam o sentido exato dos dados.

Outros dizem que poderiam nos aproximar mais da mensagem de Jesus. E mesmo que não fossem datados do primeiro século, esses textos conservam dados importantes da memória popular sobre Jesus e de seus seguidores (as).

Considero os apócrifos como preciosidades que nos revelam dados importantes, os quais complementam a história dos cristianismos de origem. Logo, estudá-los nos propicia compreender o esforço dos primeiros cristãos em seguirem Jesus.

Odirley N. Tavares é pastor da Igreja Batista Missionária e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

História do Futebol

Origens do Futebol na China Antiga

Na China Antiga, por volta de 3000 a.C, os militares chineses praticavam um jogo que na verdade era um treino militar. Após as guerras, formavam equipes para chutar a cabeça dos soldados inimigos. Com o tempo, as cabeças dos inimigos foram sendo substituídas por bolas de couro revestidas com cabelo. Formavam-se duas equipes com oito jogadores e o objetivo era passar a bola de pé em pé sem deixar cair no chão, levando-a para dentro de duas estacas fincadas no campo. Estas estacas eram ligadas por um fio de cera.

Origens do Futebol no Japão Antigo

No Japão Antigo, foi criado um esporte muito parecido com o futebol atual, porém se chamava Kemari. Praticado por integrantes da corte do imperador japonês, o kemari acontecia num campo de aproximadamente 200 metros quadrados. A bola era feita de fibras de bambu e entre as regras, o contato físico era proibido entre os 16 jogadores (8 para cada equipe). Historiadores do futebol encontraram relatos que confirmam o acontecimento de jogos entre equipes chinesas e japonesas na antiguidade.

Origens do Futebol na Grécia e em Roma

Os gregos criaram um jogo por volta do século I a.C que se chamava Episkiros. Neste jogo, soldados gregos dividiam-se em duas equipes de nove jogadores cada e jogavam num terreno de formato retangular. Na cidade grega de Esparta, os jogadores, também militares, usavam uma bola feita de bexiga de boi cheia de areia ou terra. O campo onde se realizavam as partidas, em Esparta, eram bem grandes, pois as equipes eram formadas por quinze jogadores.Quando os romanos dominaram a Grécia, entraram em contato com a cultura grega e acabaram assimilando o Episkiros, porém o jogo tomou uma conotação muito mais violenta.

O Futebol na Idade Média

Há relatos de um esporte muito parecido com o futebol, embora usava-se muito a violência. O Soule ou Harpastum era praticado na Idade Média por militares que dividiam-se em duas equipes : atacantes e defensores. Era permitido usar socos, pontapés, rasteiras e outros golpes violentos. Há relatos que mostram a morte de alguns jogadores durante a partida. Cada equipe era formada por 27 jogadores, onde grupos tinham funções diferentes no time: corredores, dianteiros, sacadores e guarda-redes.Na Itália Medieval apareceu um jogo denominado gioco del calcio. Era praticado em praças e os 27 jogadores de cada equipe deveriam levar a bola até os dois postes que ficavam nos dois cantos extremos da praça. A violência era muito comum, pois os participantes levavam para campo seus problemas causados, principalmente por questões sociais típicas da época medieval. O barulho, a desorganização e a violência eram tão grandes que o rei Eduardo II teve que decretar uma lei proibindo a prática do jogo, condenando a prisão os praticantes. Porém, o jogo não terminou, pois integrantes da nobreza criaram um nova versão dele com regras que não permitiam a violência. Nesta nova versão, cerca de doze juízes deveriam fazer cumprir as regras do jogo.

O futebol chega à Inglaterra

Pesquisadores concluíram que o gioco de calcio saiu da Itália e chegou a Inglaterra por volta do século XVII. Na Inglaterra, o jogo ganhou regras diferentes e foi organizado e sistematizado. O campo deveria medir 120 por 180 metros e nas duas pontas seriam instalados dois arcos retangulares chamados de gol. A bola era de couro e enchida com ar. Com regras claras e objetivas, o futebol começou a ser praticado por estudantes e filhos da nobreza inglesa. Aos poucos foi se popularizando. No ano de 1848, numa conferência em Cambridge, estabeleceu-se um único código de regras para o futebol. No ano de 1871 foi criada a figura do guarda-redes (goleiro) que seria o único que poderia colocar as mãos na bola e deveria ficar próximo ao gol para evitar a entrada da bola. Em 1875, foi estabelecida a regra do tempo de 90 minutos e em 1891 foi estabelecido o pênalti, para punir a falta dentro da área. Somente em 1907 foi estabelecida a regra do impedimento.O profissionalismo no futebol foi iniciado somente em 1885 e no ano seguinte seria criada, na Inglaterra, a International Board, entidade cujo objetivo principal era estabelecer e mudar as regras do futebol quando necessário. No ano de 1897, uma equipe de futebol inglesa chamada Corinthians fez uma excursão fora da Europa, contribuindo para difundir o futebol em diversas partes do mundo. Em 1888, foi fundada a Football League com o objetivo de organizar torneios e campeonatos internacionais.No ano de 1904, foi criada a FIFA ( Federação Internacional de Futebol Association ) que organiza até hoje o futebol em todo mundo. É a FIFA que organiza os grandes campeonatos de seleções ( Copa do Mundo ) de quatro em quatro anos. A FIFA também organiza competições entre clubes , um exemplo, é o Mundial de Clubes da Fifa, o primeiro foi em 2000 com o Corinthians do Brasil, levando a Taça, entre outros.

Futebol no Brasil

Nascido no bairro paulistano do Brás, Charles Miller viajou para Inglaterra aos nove anos de idade para estudar. Lá tomou contato com o futebol e, ao retornar ao Brasil em 1894, trouxe na bagagem a primeira bola de futebol e um conjunto de regras. Podemos considerar Charles Miller como sendo o precursor do futebol no Brasil. O primeiro jogo de futebol no Brasil foi realizado em 15 de abril de 1895 entre funcionários de empresas inglesas que atuavam em São Paulo. Os funcionários também eram de origem inglesa. Este jogo foi entre FUNCIONÁRIOS DA COMPANHIA DE GÁS X CIA. FERROVIARIA SÃO PAULO RAILWAY. O primeiro time a se formar no Brasil foi o SÃO PAULO ATHLETIC CLUB (SPAC), fundado em 13 de maio de 1888. No início, o futebol era praticado apenas por pessoas da elite, sendo vedada a participação de negros em times de futebol.

Sidney Barbosa é colaborador do site www.campeoesdofutebol.com.br

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Seleção Brasileira da Copa de 1970 e a Ditadura Militar

Quem nunca ouviu a música tema da Copa do Mundo 1970, que emociona até quem nasceu em época posterior a competição, e não se sentiu empolgado com um sentimento de nacionalismo aflorado com a esperança de que um dia o Brasil vai dar certo? A letra da música “Pra frente Brasil” nos conduz a imaginar que a nação esta trilhando no caminho certo e que os governantes (da época), nada mais queriam do que nos “salvar” dos riscos que corríamos com os “comunistas malvados” que aprontavam uma enorme baderna sem um motivo aparente só para atingir a moral e os bons costumes ditados pela sociedade elitista da época.

A música é bem clara quanto ao apelo do governo militar de que a população deveria se unir para seguir em frente e não deixar quebrar a corrente: “noventa milhões em ação... É aquela corrente pra frente... Parece que todo Brasil deu a mão...” fazendo uma analogia dos jogos da seleção nacional de futebol no mundial do México com a luta do governo contra a “ameaça vermelha” citada acima.

Vamos aos fatos históricos:

No torneio sul americano das eliminatórias do mesmo mundial, no ano de 1969, João Saldanha era o técnico da esquadra canarinho e classifica o Brasil, com Pelé em campo, para o torneio máximo do futebol mundial organizado pela FIFA. João Saldanha montou a base dos melhores jogadores brasileiros, preparados e organizados para que a seleção brasileira trouxesse a posse definitiva da taça Jules Rimet.

A situação política no país era tensa, no mesmo ano da disputa das eliminatórias foi instituído o AI5 (Ato Institucional número 5), um ato autoritário imposto pelo então Presidente da República Arthur da Costa e Silva, que praticamente sufocava por completo os direitos de livre expressão do cidadão e que prometia uma verdadeira “caça as bruxas” contra aqueles que eram contrários ao governo militar e seus propósitos, coibindo por completo as ações dos movimentos sociais.

O general Costa e Silva afastou-se do governo por problemas de saúde e em 30 de outubro de 1969 assume Emílio Garrastazu Médice que era entusiasta do futebol e entendia muito bem como aproveitar a paixão nacional pelo esporte para fazer a propaganda pró-ditadura, provocando, inclusive a saída do técnico João Saldanha (que nutria uma grande simpatia aos movimentos de esquerda e há quem diga de uma estreita ligação dele com o PCB), exigindo a convocação de Dário Pereira (o famoso Dadá Maravilha). Com personalidade forte o comandante da seleção afirmou que o presidente deveria se preocupar em escalar o ministério e que o time que iria para Copa do Mundo era preocupação da comissão técnica, custando assim seu cargo frente à CBD (atual CBF), que era presidido pelo famoso futebolista João Havelange (que seria presidente da FIFA de 1974 a 1997), quem foi chamado para assumir a vaga foi Zagallo, que havia sido campeão da copa como jogador em 1958 e 1962, vindo conquistar o título de 1994, no mundial dos EUA como auxiliar técnico.

O Brasil vivia período de incertezas políticas e os ânimos precisavam ser acalmados, para isso Médice usou uma tática dos imperadores romanos para que se esquecesse do período turbulento dos anos de chumbo: A política do “pão e circo”. A CBD recebeu todo o respaldo governista para que o time fosse comparado com o próprio país, ficando a imagem de que se o Brasil desse certo no futebol, também daria certo no regime proposto pelos militares até então, mostrando que a ditadura não era tão ruim quanto se mostrava (na visão da propaganda militar).

O Brasil tinha em seu elenco o melhor jogador de todos os tempos (menos para os argentinos que elegeram Maradona.) que foi aclamado rei: O Pelé, que era o modelo ideal de atleta e disciplina na qual se pregava na ditadura, era o principal jogador do elenco e todas as atenções estavam voltadas para ele, mostrando não só sua habilidade técnica, mas também sua postura de um verdadeiro cidadão brasileiro (para os padrões da propaganda proposta) disposto a defender a causa nacional na qual lhe foi imposta sendo submisso a um propósito maior, de todos em defesa do Brasil contra os subversivos que ameaçavam a ordem nacional, enfim, a ditadura mostrava a que veio e utilizou do artifício do esporte, sobretudo o futebol, para aplicar sua ideologia do milagre brasileiro. O desafio esperado por muitos, do alto escalão governamental e da CBD, era o duelo contra a URSS que não foi possível por causa do Uruguai, que derrotou os soviéticos nas quartas de final, que poderia fortalecer ainda mais a propaganda, se a seleção brasileira derrotasse os vermelhos.

O Brasil saiu vitorioso, conquistando em definitivo à taça Jules Rimet, fortalecendo a ditadura e CBD, mostrando que a força imposta, pelo braço de ferro dos militares brasileiros, de certa forma penduraria por mais algum tempo, precisamente mais 14 anos, onde muitos brasileiros e o país, como um todo, pagou muito caro, colhendo, até hoje, o fruto das seqüelas deixadas pelos militares e pensamentos como: “O Brasil só dá certo no futebol...”.

Profº Frederico Machado F Rodrigues.

terça-feira, 31 de março de 2009

Produzir conhecimento

Aos leitores,

Vamos produzir conhecimento.

Escreva seu texto, artigo e/ou opinião e publique.

O espaço esta aberto a todos:

professor.frederico.rodrigues@gmail.com

Abraços!

Professor Frederico Machado F Rodrigues

sexta-feira, 27 de março de 2009

Ainda somos colônia (não fisicamente, mas mentalmente)?

Podemos verificar dentro da seguinte questão:

Qual o modo de vida que o brasileiro mais copia em todo o mundo, considerando nossa formação de estrutura familiar, mercado e etc.?

O nosso modelo é copiado do estilo “American Way Of Life” que nos direciona a adotarmos uma cultura estadunidense, como por exemplo, a corrida por aquisição de bens de consumos, duráveis e não duráveis bem como nossa alimentação dos chamados “fast food.”.

Os filmes do mercado estadunidense que nos é imposto representam o conto de fadas de uma propaganda de que como se vive nos EUA, e isso esta inclusa suas músicas.

Quero deixar bem claro, que eu não sou xenofóbico e que sou a favor de intercâmbios culturais, tanto regionais como internacionais, mas devemos valorizar o que nos é natural de costumes de nossos antepassados e não menosprezar nossa própria cultura.

Não sei se vocês perceberam, mas quem valoriza mais nossa cultura?

Um brasileiro, nato, ou um estrangeiro?

O estrangeiro entende muito mais de nossas culturas e seus significados do que nós mesmos.

Lembrem-se, a primeira maneira de dominação de um povo para outro é impor a cultura do dominante.

Não estou falando que devemos de parar de tomar Coca Cola ou de parar de comer sanduíches, sobretudo Mac Donald´s, ou deixar de usar calça jeans, mesmo porque eu faço tudo isso e gosto também.

Mas não podemos abandonar o nosso arroz com feijão, para quem é do norte, a vaca atolada ou para quem é do sul, a polenta ou para quem é do Centro, aquele arroz com pequi e etc.

Nós como acadêmicos e pensantes devemos ensinar nossos semelhantes a pensar...

Devemos conscientizar os nossos que devemos, sim, ter relações harmônicas com os demais povos e nações em todo o mundo, mas sem perder nossa soberania.

Profº Frederico Machado F Rodrigues

quinta-feira, 26 de março de 2009

Os aspectos políticos e sociais que precederam da transferência da capital do estado de Goiás

Existem determinados questionamentos da instalação da capital desde a época das capitanias, quando já existia uma rivalidade entre os arraiais de Sant´Ana (que viria a se tornar Goiás) e Meia Ponte (atual Pirenópolis), sendo que a última alegava melhor colocação geográfica. Mesmo com os questionamentos, o Conde de Sarzedas, governador da capitania de São Paulo, à qual Goiás pertencia, optou por instalar a primeira vila da região no Arraial de Sant´Ana, mudando o nome para Vila Boa em 1737.

Com a instalação da Capitania de Goiás em 1749, a questão volta à tona com o Conde dos Arcos (D. Marcos de Noronha), alertando o governo português sobre a realidade da região e a conveniência de transferir a capital para Meia Ponte, pelo mesmo motivo alegado no parágrafo anterior. Mesmo com as alegações dos motivos, a Coroa Portuguesa, não se mostrou disposta a bancar a transferência, alegando o alto custo na construção de prédios públicos no possível processo de mudança de capital.

Com o processo de independência, em 1822, a questão foi novamente levantada pelo presidente da província1, Miguel Lino de Morais, dirigindo uma mensagem a Assembléia Geral no Rio de Janeiro, na qual o nacionalismo em Goiás se acentuou agravando a crise da aversão portuguesa2 em toda província, principalmente em sua capital. Ainda no século XIX, mais precisamente no segundo reinado, surge a figura de Couto Magalhães, propondo a transferência da capital para um lugar mais adequado. Segundo ele:

Goiás não só não reúne as condições necessárias para uma capital, como ainda reúne muitas condições para ser abandonada. (apud. Palacín, 1976:13).

Com a proclamação da república os reflexos de mudanças foram apenas nos setores administrativos e políticos, uma vez que permaneceram as elites dominantes; sendo assim, o povo continuou esquecido e marginalizado tendo apenas seu nome (povo), usado pelos políticos para baixarem seus decretos (PALACÍN e MORAIS, 2006:85). Algumas transferências de capitais estaduais já haviam acontecido; como em Minas Gerais, que transferiu sua capital de Ouro Preto, núcleo urbano da “era do ouro”, para Belo Horizonte, no ano de 1897, após vários fatores contrários.

O surgimento de lideres políticos como Pedro Ludovico Teixeira, que aos 19 anos era orador da turma do ensino secundário do Colégio Lyceu de Goiás (LIMA FILHO, 2007:57). Em sua juventude conheceu personagens históricos e intelectuais como; Olavo Bilac, Lima Barreto, dentre outros, que o influenciaram com idéias modernistas, aprimorando sua vida cultural em tempos de estudante da faculdade de medicina na cidade do Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, Pedro Ludovico, se tornou um modernista e desenvolvimentista e, depois de formado, mudou-se para a cidade de Bela Vista e posteriormente para Rio Verde, aonde se casou com a filha de Antônio Martins Borges (senador oposicionista do caiadismo), Gercina Borges. Sobre influência do sogro e com a influência cultural modernista, adquirida como estudante no Rio de Janeiro, Pedro Ludovico passou a se interessar intensamente pela política, é lógico, “herdando” a visão do anti-caiadismo no estado, dentro do período da “velha república".

A “velha república” (1889 a 1930) foi um período de grandes transformações socioeconômicas. Mesmo com muitas transformações no país, a população brasileira vivia em condições de verdadeira miséria, o que fez eclodir algumas revoltas no Brasil, sendo algumas em Goiás; como o movimente messiânico liderado por Santa Dica. O movimento reivindicava a posse da terra e melhores condições de trabalho para quem nela produzia. Isso fez com que a elite proprietária de terra, normalmente aliada ao caiadismo, combatesse duramente esses grupos. As elites locais contavam com o apoio do governo central, que ajudou a combater outras revoltas do gênero em todo o Brasil, sendo a mais famosa a de Canudos. Dentre essas revoltas, podemos citar alguns exemplos como a Coluna Prestes, seu líder era chamado de: o cavaleiro da esperança, e, passou por algumas cidades do estado de Goiás.

O mundo verificou a crise do modelo capitalista-liberal, quando em 1929 aconteceu a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque (EUA), o que refletiu diretamente na economia brasileira e, principalmente em seu principal produto de exportação agrária; o café. De acordo com o contexto político-econômico do mundo, na época, surgiram às oligarquias dissidentes que mostravam a insatisfação com o governo federal, referente à crise do café. A intolerância com a situação dominante, no governo federal, se agravou quando o presidente Washington Luís apoiou para as eleições presidenciais o candidato Júlio Prestes, indicado pelos paulistas, rompendo com a famosa política do café com leite3, sendo que o atual presidente fora indicação dos paulistas nas eleições anteriores.

Com a insatisfação de oligarquias dissidentes com a crise, formaram a Aliança Liberal que disputaria as eleições presidenciais no ano de 1930 indicando o governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas para presidente e o governador da Paraíba João Pessoa para vice. A chapa que era formada pelos dissidentes, por Rio Grande do Sul, Paraíba, Rio de Janeiro e Minas Gerais; não sai vitoriosa do pleito, tendo o candidato da situação, Júlio Prestes, como vencedor por conta de um resultado duvidoso, deixando a situação política da sucessão presidencial tensa. Com o assassinato de João Pessoa, que era vice de Getúlio, o estopim que eclodiu a revolta foi lançado em 24 de outubro daquele ano, com Washington Luís sendo deposto e Júlio Prestes impedido de tomar posse. Getúlio é empossado presidente provisório, em uma manobra política, aonde aconteceu tudo que ele precisava para atingir seu objetivo, nem que fosse pelas armas.

Dentro do mesmo período em Goiás, líderes oposicionistas pró-Getúlio e imprensa faziam críticas severas ao caiadismo, dentre eles o já citado Pedro Ludovico, que juntamente com o deputado Ricardo Campos, sob influência do sogro, senador Antônio Martins Borges, fundaram o jornal “O Sudoeste” e posteriormente assume o movimento revolucionário em Goiás. Em outubro de 1930, Pedro Ludovico, organiza um grupo armado que no dia 11 de outubro entrou em combate com as tropas caiadistas nas proximidades de Rio Verde. Com cerca de 110 homens, a resistências das tropas ludoviquista-varguista não era suficiente, numericamente, para romper o bloqueio das tropas caiadistas (Chaul, 2001:51), sendo assim, Pedro Ludovico se rendeu e foi preso; restando-lhe apenas a esperança do sucesso revolucionário no restante do país.

Apesar das derrotas da resistência de Goiás, os mineiros avançavam com êxito adentrando em Goiás e ocupando várias cidades goianas inclusive a capital Goiás, com a revolução no resto do país se encontrando vitoriosa. Detido e a caminho da cidade de Goiás, Pedro Ludovico recebia a notícia da vitória revolucionária e mesmo estando livre, ele fez questão de chegar à capital, se tornando o principal símbolo da revolução de 1930 em Goiás, e conseguia derrotar a oligarquia caiadista. A atitude de Pedro Ludovico, após sua liberdade, de continuar a viagem à cidade de Goiás, demonstra o triunfo e a euforia de uma vitória, não só de resistência, mas uma vitória política no surgimento de uma nova liderança regional, que simbolizava a esperança da modernidade e desenvolvimento de novos tempos.

Com a vitória do movimento de 1930, Totó Caiado e seus familiares abandonaram a cidade de Goiás e Pedro Ludovico ocupou o Palácio. À oportunidade o médico Carlos Pinheiro Chargas fez um discurso mencionando a necessidade de mudar a capital. (LIMA FILHO, 2007:65).

A revolução de 1930, sem dúvida, foi principal fator que contribuiu para a transferência da capital do estado para Goiânia, pois existia uma nova perspectiva política de modernidade. O reduto caiadista na cidade de Goiás não estava totalmente aniquilado e a transferência da capital era uma maneira do governo Pedro Ludovico se fortalecer e, conseqüentemente enfraquecer qualquer influência política da antiga oligarquia. Enquanto outras tentativas de transferência de capital não obteve êxito, a de Pedro contava com apoio de Getúlio, que apostava em um projeto desenvolvimentista da “marcha para o oeste” e também de não depender de favores administrativos, de partidos políticos, da câmara e nem dos votos dos eleitores, ou seja, o novo governo era autônomo (LIMA FILHO, 2007:68).

Já dentro do governo de Pedro Ludovico, fora feito a primeira menção de transferência realizada na cidade de Bonfim (atual Silvânia) em julho de 1932. Em outubro do mesmo ano Pedro Ludovico viajou para o Rio de janeiro para formalizar o apoio político e financeiro do governo federal e em dezembro de 1932 foi assinado o decreto 2737, nomeando a comissão que escolheria o local para a construção da nova capital. A comissão era presidida por D. Emanuel Gomes de Oliveira (arcebispo) e contava com o secretário de governo Colemar Natal e Silva como membro.

O local escolhido para a realização do empreendimento desenvolvimentista foi o município de Campinas (hoje um dos setores históricos da capital), as margens do córrego Botafogo nas fazendas: Crimeia, Botafogo e Vaca Brava pelo decreto 3359 de 18 de maio de 1933. No dia 24 de outubro de 1933 (data da revolução de 1930), e feito o lançamento da pedra fundamental para a construção de Goiânia. Iniciou-se a ousada obra que simbolizava a esperança de novos tempos de modernidade e desenvolvimento inserido dentro do projeto de Vargas, colocando o estado de Goiás no centro das atenções políticas. Fortalecendo o populismo de Vargas e seu aliado regional, Pedro Ludovico Teixeira, chamado pelo professor Pereira Zeka de “artista do impossível” (Lima Filho, 2007: 56), comparando o líder goiano com o presidente Juscelino Kubitschek, que posteriormente viria a realizar outro empreendimento ousando que seria a construção de Brasília, o que acelerou mais ainda o processo de desenvolvimento da região Centro Oeste, especialmente o estado de Goiás.



Profº Frederico Machado Fagundes Rodrigues




Bibliografia

CORREIA, Salatiel Pedrosa Soares. A Construção de Goiás – Ensaio de Desenvolvimento Político e Regional. 1ª ed. Goiânia: UCG. 2006.

LIMA FILHO, Manuel Ferreira. MACHADO, Laís Aparecida. Formas e Tempos da Cidade. 1ª ed. Goiânia: UCG e Cânone, 2007.

OLIVEIRA, Eliezer Cardoso. História Cultural de Goiânia. 1 ed. Goiânia: Alternativa, 2003.
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1 Título que equivale a governador do estado.
2 Movimento anti-lusitano no Brasil, na qual ajudou na decisão da abdicação do trono pelo Imperador D. Pedro I.
3 Acordo, entre a oligarquia rural de São Paulo (cafeeira) com a de Minas Gerais (leiteira), para a alternância de indicações para a presidência da república nas eleições, que durou de 1889 a 1930.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Influências da Arquitetura do Século XVIII

Entre as cidades que possuem construções coloniais encontramos Pilar de Goiás, que não é mais conhecida, porém, possui características arquitetônicas próprias do período de sua fundação sendo também umas das poucas que utiliza a tecnologia do enxaimel (que por muitos é confundido como um estilo alemão, enquanto que na verdade é uma técnica) tendo os moradores conhecimento da técnica ainda hoje.

De Pilar de Goiás elegi como imagem para apresentação a Casa de Câmara e Cadeia, por apresentar as características similares do enxaimel que também foi empregado na Construção da Capela/Igreja Matriz de Nossa Senhora de Aparecida de Goiânia, obra iniciada entre 1923 e 1927.

Entre as duas, além do período de construção, distingui-se também os motivos – sendo um religioso, outro oficial – e também peculiaridades como os robustos alicerces em pedras que apresenta a arquitetura colonial de Pilar de Goiás.

O que há em comum além do que já citado acima são:

-Ausência de Portada – as portas não possuem ornamentos;
-Arquitetura simplificada e com paredes lisas;

Teci minhas comparações em obras de funções diferentes o que não dá muita margem para encontrar maiores dados em comum, mas que evidencia toda influência que arquitetura colonial ainda continuou a exercer nos séculos posteriores.

Luis Augusto de Paula Lacerda - Acadêmico de Artes na Universidade Federal de Goiás e Supervisor na Consultoria de Relacionamento na Atento Brasil S/A

terça-feira, 24 de março de 2009

Para entender a crise


Na primavera do ano de 2008, mais precisamente no mês de setembro, eclodiu nos Estados Unidos uma das mais fortes crises econômicas da história contemporânea. Essa balbúrdia se anunciava meses antes, em meados de 2007, quando o mercado imobiliário americano atravessava maus momentos em virtude do alto índice de inadimplência no pagamento hipotecário. Instituições de prestígio internacional como o Bearn Stearns, Merry Lynch, Lehman Brothers, City Group e a seguradora AIG acabaram não resistindo e quase chegaram à falência, não fossem os processos de estatização e a aquisição por empresas de capital estrangeiro.

A notícia da quebra destes bancos de investimento atravessou o Atlântico e chegou à Europa e Ásia. Temendo grandes perdas e alvoroçados por especulações que surgiam a toda hora, investidores ao redor do mundo, colocaram rapidamente suas ações à venda nas Bolsas de Valores. O impacto dessa ação foi devastador. Dow Jones, Frankfurt, Tóquio e Bovespa registraram índices muito baixos de operabilidade, adotando inclusive o circuit breaker(1) várias vezes ao dia.

Outro fator foi predominante para que o império Yankee chegasse à beira do precipício: o financiamento da guerra no Iraque. O alimento das cenas de horror e destruição no oriente médio custou aos EUA a cifra de U$3 tri - número equivalente à reserva de divisas da República Popular da China.

Apoiado na campanha antiterror e ainda alegando a existência de depósitos de armas químicas e biológicas em solo iraquiano, o ex-presidente republicano George Walker Bush enviou ao oriente médio em 2003, cerca de vinte mil soldados. A chegada das tropas estadunidenses ao Iraque representou um marco na era da tecnologia e da globalização. O mundo pode assistir ao vivo e de todos os ângulos, uma chuva de mísseis disparada contra a capital Bagdá.

Em terra, um verdadeiro massacre de civis cujos corpos confundiam-se com os de guerrilheiros e militantes sunitas – correligionários do ditador Saddam Hussein. Com a morte de seus principais ministros, a estrutura do poder iraquiano foi totalmente desfacelada, culminando na prisão do líder máximo do país.

Inglaterra e França, nações que tradicionalmente mantém relações estreitas com Washington, se opuseram à invasão. Após a tomada do controle em Bagdá, o governo Bush classificou a guerra como um grande passo rumo à democratização do Estado iraquiano. No entanto, protestos em todo o mundo rechaçaram a ação militar americana, desmoralizada pelas armas de destruição em massa jamais encontradas.

No aniversário de seis anos da derrubada de Saddam, os Estados Unidos contam os prejuízos da guerra. Seus títulos da dívida pública externa acumulam U$10 tri. Afundada numa onda de pessimismo, a indústria automobilística nacional começou a perder espaço para concorrentes asiáticas como a Hiunday e a Toyota. Em decorrência da queda brusca na venda de automóveis, empresas do calibre da GM – gigante do setor – anunciaram seus planos de demissão de funcionários. O desemprego da população americana já chegou ao índice de 7%.

No último trimestre de 2008, na tentativa de socorrer a economia norte americana o governo Bush em conjunto com o Fed(2) , presidido pelo economista Ben Bernank, adotou medidas significativas e baixou a taxa básica de juros a 2,0%. Tentando prevenir uma grave recessão no setor consumidor, o senado estadunidense aprovou um pacote de aproximadamente U$700 bi, para injetá-lo no mercado com o intuito de aquecer a economia e recuperar a liquidez do fluxo cambial.

Em janeiro deste ano, a população americana passou por uma transição histórica de governo. Pela primeira vez, um negro governará os Estados Unidos da América. Barack Hussein Obama assume a Casa Branca em meio a uma nuvem de euforia e esperança. Resta agora a nós, simples mortais, aguardar e torcer por um desdobramento positivo das articulações políticas do nobre democrata havaiano.


Allan David Silva - Acadêmico de jornalismo na Faculdade Araguaia e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.



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(1)Circuit breaker - Uma condição de negociação que é adotada pelas Bolsas de Valores. Através do circuit breaker, o pregão é imediatamente interrompido toda vez que o índice representativo dos preços de um conjunto de ações tenha queda substancial. No caso da Bolsa de Valores de São Paulo, o circuit breaker é adotado quando o Ibovespa tem uma queda de 10%.

(2) FED – Banco Central Americano

segunda-feira, 23 de março de 2009

O discurso Neoliberal diz que a liberalização dos mercados também beneficiaria em longo prazo os pobres. Essa premissa se mostrou verdadeira?

Bem...

Esse questionamento se mostra pertinente pelo momento econômico que estamos vivendo no mundo.

O discurso neoliberal se demonstrou uma verdadeira farsa ao longo do processo econômico no que se diz respeito aos pobres.

O argumento dos neoliberais é que o estado “empaca” as ações econômicas e o livre comercio “liberta” para o desenvolvimento tecnológico onde a competição estimula a produção e o consumo de melhor qualidade...

Vamos lá!

Se o Estado ou Nação não interfere dentro da questão econômica e tudo é privatizado, inclusive a educação, esse mesmo Estado ou Nação não investirá recursos para que os menos favorecidos tenham seus direitos respeitados.

Segundo Marx, o Estado é o mediador das lutas de classes, sendo assim, tendencioso para favorecer a classe dominante, ou seja, quem detém o poder?

Os ricos, então, se o Estado interfere na luta do rico contra o pobre, ele irá contra ele mesmo?

É lógico que não!

Por outro lado à interferência do Estado nas questões econômicas obriga os detentores do poder garantir o mínimo de sobrevivência, afim de que os menos favorecidos sejam tratados com o mínimo (e bota mínimo nisso) de dignidade.

Quando se privatiza, é como se tirassem recursos (do mínimo dos que se têm direitos) dos pobres e outras pessoas passam a comandar a economia de acordo com seus próprios interesses.

Existem áreas estratégicas para fortalecimento do poder soberano de um país, tais como:

Energia, comunicação, segurança, transporte, educação e recursos financeiros.

Quando se privatiza as estatais energéticas, o recurso de movimentação e de geração de energia que move a produção interna fica nas mãos dos empresários especuladores que colocam os preços como querem, pois não podemos viver sem energia.

A comunicação, como o que aconteceu com as empresas nacionais no final da década de 1990, é um setor estratégico, pois quem comanda a comunicação, influência na forma de pensar de um povo.

O transporte e a segurança esta ligada no nosso direito de ir e vir, ou seja, o Estado tem que garantir a segurança para que o cidadão cumpra com suas necessidades básicas de sobrevivência, como; trabalhar, estudar, se divertir e etc., o transporte entra na questão de que se eu não tiver o dinheiro suficiente, não posso me locomover, o que me impede de realizar as necessidades citadas anteriormente.

O investimento na educação é uma forma de socializar um povo, não só na questão financeira, mas também na questão intelectual de formação do cidadão, uma vez que a educação conscientiza (ou pelo menos deveria) o indivíduo.

Os recursos financeiros na mão da iniciativa privada, não passam para que recursos possam ser aproveitados em obras para o proveito de todos e sim de um pequeno grupo de pessoas que usam o dinheiro para se comprar tudo... Inclusive o poder, não gerando oportunidades de crescimento para os menores.

Fica aí minha mensagem...

Profº Frederico Machado F Rodrigues

sexta-feira, 20 de março de 2009

Patrimônio mundial: Conceito, origem e aplicabilidade.

Patrimônio Mundial é a designação dada a lugares do mundo que têm valor universal excepcional para a humanidade. Diante disso, figura a lista dos bens protegidos pelo Comitê do Patrimônio Mundial, cuja missão é salvaguardá-los para o benefício de gerações futuras, em conformidade com os termos da “Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural".

A origem do conceito de Patrimônio Mundial iniciou-se com a criação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 16 de novembro de 1945. Um dos objetivos da UNESCO é o de reconhecimento de que o nosso patrimônio é precioso e frágil e que necessita de uma preocupação maior por parte dos países que detêm esses patrimônios, no processo de preservação e conservação.


Uma das principais causas dessa preocupação e da criação da UNESCO foram as grandes devastações e perdas significativas do patrimônio cultural e natural causa do durante os conflitos armados da I e II Guerras Mundiais, incluindo também os desastres naturais, a crescente urbanização, a pobreza, a poluição, o turismo de massas e a simples incúria que ameaçam o patrimônio mundial.
A UNESCO realizou sua primeira convenção em 1972, que foi denominada; Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultura e Natural na qual declara quais os sítios, conjuntos e monumentos podem ser considerados patrimônio mundial, onde são, conforme Silva (1996: 87).


Os monumentos: obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos ou estrutura de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e grupos de elementos que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência;Os conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidas que, em virtude de sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem, tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência.


Os lugares notáveis: obras do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como as zonas, até mesmo lugares arqueológicos, que tenham valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.


A classificação feita pela Convenção atende às possíveis manifestações humanas dos bens culturais imóveis e móveis. As cidades que possuem bens culturais e naturais de “valor universal excepcional” são inscritas na lista do Patrimônio Mundial, e recebem um emblema de patrimônio mundial (FUNARI, 2006: 26). Isso acaba resultando em um subproduto para o turismo cultural, que irá se beneficiar desse “título”.


Para que o bem nacional seja considerado um patrimônio da humanidade, tem que atender alguns critérios estabelecidos pela convenção, que assim os caracteriza: “são aqueles que definem valor universal excepcional do bem, sua autenticidade e a comprovação de que o Estado interessado adotou medidas protetoras adequadas ao bem objeto de inscrição”. (SILVA, 1996, 93).


A inclusão de um sítio na lista do Patrimônio Mundial, é um grande desafio por parte da comunidade internacional, que possui a responsabilidade de avaliar e selecionar determinado sítio ou monumento por exclusão de outros. Esse processo para definir um bem com valor universal importante ou valor de patrimônio mundial é baseado em dez critérios que iram avaliar o patrimônio, entre os quais somente seis são aplicados ao patrimônio cultural, nomeadamente a monumentos, grupos de edifícios e sítios, com o objetivo de identificar aqueles que possam fazer parte do Patrimônio Mundial.


Paulo Roberto Ferreira de Aguiar Junior - Turismólogo e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.

Bibliográfia:

SILVA, Fernando Fernandes da. As Cidades Brasileiras e o Patrimônio Cultural da Humanidade. São Paulo, 2003.

Aspectos da abertura democrática no Brasil

Em 1985, Tancredo Neves é eleito Presidente da República pelo PMDB, através colégio eleitoral formado pelo congresso nacional derrotando o candidato do PDS (partido que sucedeu a ARENA) o deputado Paulo Maluf.

Através de manobras políticas o deputado José Sarney, antes membro da ARENA, vai para a base do PMDB com o acordo de ser o Vice-presidente na chapa de Tancredo.

Vitorioso, Tancredo se torna o primeiro presidente eleito, ainda que indiretamente, não militar após o golpe de 1964.

Por circunstâncias do destino, Tancredo Neves veio a falecer e quem toma posse como Presidente da República é o maranhense José de Ribamar Sarney, dono de praticamente tudo no Maranhão.

A jogada de Sarney ir para o partido da base da oposição foi da seguinte forma:

Como Sarney era um dos importantes políticos da base do governo militar (ou como diria meu pai, ferrenho defensor dos militares, o governo da “revolução”), era importante que a facção que estava perdendo espaço no cenário político nacional continuasse nada melhor que um ‘coronel’ de uma oligarquia regional para ser essa pessoa.

Em 1986 vieram as eleições para deputados federais e estaduais constituintes, ou seja, além de eleitos para os cargos de legislatura os deputados federais e estaduais estavam responsáveis para atender o chamado de uma Assembléia constituinte para a elaboração das constituições, tanto a federal quanto as estaduais.

Como em 1982, o PMDB foi o maior vitorioso em 1986, elegendo a maior bancada, sendo que alguns de seus deputados eram militantes do PCdoB, que estavam no PMDB, formando o famoso BP (Bloco Popular), por conta dos comunistas até o momento não terem conseguido o registro do partido até então.

Cada uma das facções, tanto de direita como de esquerda, necessitava de brigar por espaços dentre as leis que favoreciam o povo com as leis que favoreciam a elite, como o país vivia uma tentativa de reabertura democrática, foram poucas os conflitos ideológicos em torno da formação da constituição.

Entre debates e acordos entre os blocos a constituição foi se formando, até que em Setembro de 1988 era aprovada a carta magna da República Federativa do Brasil na qual esta vigente até hoje.

Dentre os artigos de nossa constituição, a mais importante é o Artigo 5º, que exprime a liberdade de ir e vir, os direitos de cidadãos como: Educação, moradia, saúde dentre outros.

Apesar da própria manobra dos militares em continuar participando do novo processo político que nascia no Brasil, não se podem negar as conquistas de uma democratização das leis básicas atendendo mais os anseios populares como o direito de se manifestar, principalmente, através do voto, ainda que digam que brasileiro não sabe votar, o cidadão passa a ter o direito de escolha de seus governantes.

E nós sabemos bem que a democracia brasileira, ainda é nova e não há melhor maneira de aprender a votar, senão votando.

Profº Frederico Machado F Rodrigues

quinta-feira, 19 de março de 2009

Goiânia pode ou não receber jogos da Copa do Mundo de 2014?

Creio que pode sim.

Tanto por tradição quanto por política o estado de Goiás tem mais tradição que os outros estados do CO e a maioria dos estados do N.

Temos o apoio oficial do presidente de honra da FIFA o Dr. João Havelange.

Em termos de estrutura, Goiânia tem se tornado um grande pólo de turismo de negócios com inúmeros congressos nacionais e internacionais acontecendo na capital goiana.

É verdade que existe a proximidade de Brasília, que por ser a capital federal é (quase) certa sua escolha, mas os investimentos em infra-estrutura de Goiânia a fácil localidade e acesso de outras regiões do Brasil, credencia Goiânia como uma das favoritas a ser sede de alguns jogos da Copa do Mundo.

Detalhe, na Copa América de 1989, Goiânia foi sede do grupo B, na qual a Argentina de Maradona jogou no Serra Dourada, sem contar que o maior palco esportivo do CO é também um dos mais belos do Brasil, fora a tradição do futebol goiano que tem um time na Série A e dois clubes na Série B, sem contar que a FGF é a 7ª federação mais importante da CBF, portanto uma forte ligação do presidente goiano o Sr. André Pitta com o presidente da instituição nacional, o Sr. Ricardo Teixeira.

Sem contar apoios de personalidades importantes no cenário político do Brasil como o presidente do BC do Brasil o Sr. Henrique Meirelles e de empresas como o Banco Itaú (patrocinador da Seleção Brasileira), que elegeu nossa cidade como sua candidata oficial.

Lembrando que ontem o Ricardo Teixeira visitou o gabinete com o Senador Marconi Perillo.

Eu acredito, os indícios são fortes, mas vamos aguardar...

Abraços...

Profº Frederico Machado F Rodrigues

quarta-feira, 18 de março de 2009

Os Aspectos de Relacionamento entre o Futebol e a Sociedade



O trabalho que se segue, esta dentro de um contexto que engloba o desenvolvimento político-cultural na qual, por sua vez, a sociedade se desenvolve dentro de um contexto global e esse desenvolvimento esta diretamente ligada à modernização do sistema.

Dentro do futebol, podemos acompanhar uma grande influência política na qual o esporte acaba sendo inserido dentro de um contexto cultural dentro da sociedade. Essa inclusão não está apenas inserida dentro de uma única sociedade e sim na sociedade global.

O Futebol atingiu uma popularidade em todo mundo que até em países como os Estados Unidos, os clubes da liga profissional de futebol – MLS (Major League Soccer) estão realizando investimentos milionários nos últimos anos contratando jogadores de expressão como o inglês David Beckham que até a última temporada estava jogando no LA Galaxy de Los Angeles e o atacante argentino Guillermo Baros Schelotto que joga no Columbus Crews, que ganhou a temporada de 2008 da MLS. Ainda nos EUA, existem clubes que são filiais de outros clubes tradicionais de outros países o que é o caso do Chivas USA que pertence ao mesmo dono do Club Desportivo Chivas de Guadalajara no México e clubes que são investimentos de grandes corporações multinacionais, no qual é o caso do Red Bull NY, da cidade de Nova Iorque, a empresa de bebida energética de mesmo nome do time, comprou o NY Metrostars e entrou na liga obtendo um honroso vice-campeonato da MLS. No Brasil o Red Bull Futebol e Entretenimento Ltda., no estado de São Paulo e disputa a 2ª divisão (equivalente a 4ª divisão) do campeonato paulista, a exemplo do Pão de Açúcar, uma das maiores empresas no ramo supermercadista do Brasil e do mundo, que conseguiu o acesso para a série A3 (equivalente a 3ª divisão) do mesmo campeonato.

O futebol também está diretamente ligado a resistências tribais e/ou nacionalista de que alguns clubes e suas torcidas se orgulham de suas bandeiras e ideologias culturais, políticas e religiosas.

O professor Carmo Gallo Neto, inicia seu texto: “O futebol como fenômeno social”, descrevendo como o futebol já faz parte do dia-a-dia do brasileiro mesclando a identidade pessoal e social com o ato de torcer. Segundo o professor, existe todo um ato ritualístico para a formação do torcedor, desde que o indivíduo nasce até o final da sua infância.

A popularização do esporte na Europa e na América do Sul se dá com a existência de clubes que representam a própria cultura de nacionalista e seus costumes. O clube se torna um estandarte de luta por uma causa; podemos citar o F C Barcelona da cidade homônima na Espanha, que representa a luta do nacionalismo catalão e que em seu escudo tem um desenho da bandeira da Catalunha e as cores do uniforme principal, vermelho e azul, da bandeira tricolor da Revolução Francesa.

Se não é verdadeira em relação aos fatos, a história o é do ponto de vista espiritual. Com efeito, a estética modernista do time deriva de sua inclinação política esquerdista. (FOER, 2004: 170).

O exemplo do Barcelona é apenas um exemplo do que o futebol é capaz de realizar dentro do comportamento de um individuo ou de uma sociedade.

Em pesquisas realizadas por alunos e professores da graduação da FEF / UNICAMP4, que fora organizado pelo professor Jocimar Daólio, realizou-se uma abordagem sócio-antropológico da relação de torcer dentro da sociedade no Brasil. Entre os brasileiros o ato de torcer, envolve aspectos de nossa cultura e crença fortalecendo a questão da superstição enraizada no cotidiano dos brasileiros (as).

A superstição se manifesta dentro da prática futebolística, talvez, por ser o esporte mais praticado no Brasil. A própria regra já favorece essa associação, uma vez que o futebol é um esporte praticado com os pés, e isso facilita e muito os resultados imprecisos, pois nem sempre o melhor time ou o que joga melhor vence. Podemos citar alguns jogos do passado que retrata o que esta sendo discutido. Quem não se lembra da vitória dos EUA contra o famoso English Team (Seleção Inglesa) na Copa do Mundo de 1950 ou do até então desconhecido Santo André na final da Copa do Brasil de 2004 que venceu o poderoso Flamengo em pleno Maracanã.

Um time tecnicamente inferior pode utilizar um esquema totalmente defensivo e marcar um gol em um lance único, às vezes no último minuto. (DAÓLIO, 2005: 12).

A paixão e o amor pelo clube de coração ou até mesmo pela seleção nacional levam a manifestação de alegria versus tristeza; brincadeira versus violência e para muitos até brigas de intolerância religiosa como a “Old Firm”5 na Escócia. A violência deve-se ao limite do imaginário com o real, aonde por muitas vezes o grito de guerra vira ação. Em uma partida, na então unificada Iugoslávia, entre o Dínamo Zagreb (Croácia) e Estrela Vermelha de Belgrado (Sérvia), na temporada de 1990/91, onde os grupos étnicos se enfrentaram abertamente, com a torcida da casa (Dínamo) tinham armazenado ácido para romper os grandes do estádio que separava a torcidas e haviam escondido pilhas de pedras para enfrentar os “visitantes” (Foer, 2005: 20 e 21).

Muita gente não se sente parte de um grupo, falta-lhes um sentimento de pertencimento. Com família desestruturada, sem emprego e dinheiro, sem perspectiva, sem mecanismo de cidadania, são tênues os limites do matar ou morrer... (Apud. DAÓLIO, 2005: 12).

No Brasil o futebol é visto como uma manifestação cultural, e de acordo com Wilson Rinaldi, aonde esse esporte se transforma em movimento social e ideológico, aonde a mídia se transforma em uma principal ferramenta para a ideologização política ou apolítica do jogo.

O futebol foi e continua sendo um elemento importante da cultura brasileira. Enquanto fenômeno social, sempre esteve em consonância com a forma de a sociedade se organizar, assim como outros elementos da cultura popular – carnaval, arte, religião, música e outros. (RINALDI, 2000: 167/168).

Para muitos o futebol só serve para desviar a atenção do povo de coisas consideradas mais sérias por nossos intelectuais, como a economia e a política. Por outro lado o futebol é a representação da luta do dia-a-dia, do povo que tem sua força de trabalho explorada pelas classes dominantes que os marginaliza. O futebol causa um fascínio onde o praticante (profissional ou amador) se sente participante da construção do simbolismo dessa luta, onde cada um se supera vencendo a dificuldade e obstáculos da vida. O torcedor também cumpre esse papel e se sente participante do jogo, se tornando o “12º jogador”, ou seja, ela trabalha dentro de uma pressão que vem das arquibancadas, seja contra os adversários ou até mesmo contra o próprio time, em que alguns casos não estão jogando bem ou não atendem as perspectivas de vitórias.

No futebol, existe uma subjetividade dentro do imaginário que o cerca no que se diz respeito as suas regras e transgressões, criando uma contradição entre o formal e o não formal, onde o jogo representa uma batalha entre dois grupos, onde um necessita intensamente vencer o outro. Aonde se usa o artifício da 'malandragem' como a prática da falta ou simplesmente a simulação, a fim de ludibriar a autoridade máxima do jogo que é o arbitro e que muitas vezes da certo.

A aproximação entre futebol e malandragem é explicada com facilidade, na medida em que as classes populares se apropriaram do futebol; o samba de origem negro-proletária teve na malandragem o seu motor temático nos anos de 1930 e 1950, logo o futebol, samba e malandragem constituem a matriz cultural das classes populares no Brasil. (SOARES, 1994: 8).

Com popularidade do futebol, associada com a imprensa, o esporte passa a representar, a partir dos anos de 1930, uma grande oportunidade de se chegar à massa, sendo muito usado pela classe dominante da época, dando ao futebol sua concessão ideológica. No Brasil, iniciava o movimento populista com a ascensão de Vargas ao poder máximo da República brasileira, aonde teve uma grande influência inclusive no estado de Goiás com Pedro Ludovico Teixeira assumindo a intervenção do governo do estado, transferindo à capital e a estimulação do surgimento dos clubes da nova capital, que será mais bem explicada posteriormente nesse trabalho.

O futebol se mostra ideológico, quando sua imagem é explorada como demonstração de superioridade de um determinado grupo sobre o outro ou de uma determinada Nação sobre a outra, nos casos de jogos de selecionados nacionais.

Existem exemplos na história contemporânea que o futebol foi usado como aparelho de propaganda ideológica oficial de um governo, como por exemplo, em 1938, onde em plena ditadura de Mussolini a ‘azurra’6, que levou o bicampeonato mundial da Copa do Mundo da FIFA (DVD 100 anos da FIFA 1904-2004 Volume 2), fortalecendo o regime fascista. Porém no mesmo torneio a Alemanha de Hitler foi com os jogadores austríacos (a Alemanha tinha invadido a Áustria) com o chamado 'supertime' que usavam no uniforme do selecionado alemão a suástica do Partido Nacional Socialista Alemão (o Partido Nazista), querendo simbolizar a superioridade racial dos alemães. Por ironia não passou da fase inicial do torneio, mostrando que nem sempre a propaganda é eficaz.

No Brasil a Copa do Mundo de 1938, ganha uma atenção especial, justamente para desenvolver a propaganda pró-varguista usando mais uma vez o populismo como uma alternativa de apoio pró-seleção que encarnava ali uma metáfora do período desenvolvimentista do próprio país, representado pelo apelo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) 7 em campanhas de propagandas onde todo o povo era convocado juntamente com os jogadores para a disputa da competição na França (Rinaldi, 2000: 169). Essa campanha em favor da seleção representa uma idéia de formação de uma identidade nacional, aonde o futebol, era de fato, adorado como manifestação político-cultural, ainda que sobre manipulação das massas.

Simbolicamente, reforçou-se a idéia de que aquela não era uma simples disputa esportiva e, sim mais uma provação com intuito de mostrar a força do Brasil, do seu povo, através do futebol... Esse momento de afirmação da nacionalidade foi um sucesso, apesar da derrota para a seleção italiana. Enfim o destino do país encontra-se nos pés de um time de futebol... (NEGREIROS 1997: 215).

No ano de1970 o presidente Médice pediu a convocação de Dário Pereira (Dadá Maravilha) para a seleção que iria a Copa do Mundo. O então técnico João Saldanha retrucou o presidente, afirmando que o presidente deveria escalar o ministério e que a seleção era preocupação da comissão técnica. Por conta dessa afirmativa, Saldanha foi demitido às vésperas do Mundial do México e em seu lugar foi chamado Zagalo que convocou o Dário para o selecionado que viria a conquistar o tricampeonato da Copa do Mundo naquele ano. Mais uma vez, a propaganda ideológica demonstrou um sucesso, aonde não se admitia outro resultado que não fosse o título e a conquista em definitivo da taça ‘Jules Rimet’8 que anos depois viria ser roubada na sede de CBD.

Oito anos depois a Argentina organizou a Copa do Mundo, no ano de 1978, e era questão prioritária do governo argentino, além de organizá-la, ganha-la para que a popularização da ditadura militar9 fosse fortalecida naquele país, como se a paixão pelo esporte fosse capaz de resolver qualquer diferença social, política e econômica. Por conta da questão imposta pelo governo argentino, algumas suspeitas foram colocadas, referente ao resultado do jogo da Argentina contra o Peru, na qual o final da partida foi um estrondoso 6 a 0 para o time local, eliminando o Brasil no saldo de gols. O Brasil jogou mais cedo, ou seja, a Argentina entrara em campo sabendo o que deveria fazer para se classificar, lembrando que o goleiro do Peru (que entrou com o time reserva) tinha nascido na Argentina e jogava pela seleção peruana, por conta de sua naturalização.

O futebol demonstra ser mais que um jogo. Muitas vezes o futebol representa uma auto-afirmação de um grupo ou de um povo. Não é a toa que o esporte é o mais popular do planeta. Talvez pela sua forma de jogar ou até suas regras que permite a prática em qualquer ambiente. O futebol se caracteriza pelo antagonismo da simplicidade com a complexidade do jogo, aonde seu praticante permite que seu entusiasmo tome conta de sua racionalidade e que estatisticamente, é o esporte que mais possui resultados improváveis, as chamadas “zebras”. Por isso que, para muitos, o futebol se confunde com sua própria vida, transformando assim esse esporte em uma metáfora de sua história.


Profº Frederico Machado F Rodrigues



Bibliografia

DVD – 100 anos da FIFA 1904 – 2004 Volume 2. 2004.


FOER Franklin. MEDEIROS, Carlos Alberto (tradutor). Como o Futebol Explica o Mundo – Um Olhar Inesperado Sobre a Globalização. 1 ed. Nova Iorque: 2004. Rio de Janeiro: JZE 2005 (edição brasileira).


GALLO NETTO, Carmo. Jornal da UNICAMP. Futebol Como Fenômeno Social p.12. Campinas, UNICAMP, 2005.


LEAL, Francisco. Dois brasis, na economia e no futebol. 1. ed. Goiânia: UCG, 2006.


RINALDI, Wilson. Futebol: Manifestação Cultural e Ideologização. Revista de Educação Física da UEM v. 11, n.1, p. 167 a 172. Maringá. UEM, 2000.


Sitio da Revista Placarhttp://www.placar.com.br/, acesso em 25/06/2008.


Sitio da CBF – Confederação Brasileira de Futebol. http://www.cbfnews.com.br/, acesso em 25/06/2008.


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4 Pesquisa realizada em 2005 na Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas - SP
5 Velha Firma, em inglês; clássico escocês entre Rangers X Celtic, onde o Rangers é o time dos protestantes e o Celtic sendo o time dos católicos, que recebe esse nome por conta de antigo dirigentes que se utilizavam da rivalidade e da intolerância religiosa de seus torcedores para lucrarem com vendas de produtos ligada a cada um dos clubes em relação à diminuição da crença alheia.
6 Apelido dado ao selecionado italiano de futebol.
7 Atual CBF, Confederação Brasileira de Futebol, entidade máxima de organização desse esporte no Brasil.
8 Primeira taça, que até a conquista em definitivo pelo Brasil em 1970, simbolizava a conquista da Copa do Mundo.
9 Uma das mais sangrentas da América Latina.

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