terça-feira, 2 de junho de 2009

O DIÁLOGO SOBRE A SOCIEDADE E UM MODELO IDEAL

Nos debates em sala de aula e até mesmo nas ruas, é comum ouvirmos que a mídia exerce grande poder de influência sobre a sociedade. A maior parte das pessoas reclama dessa hegemonia, mas reconhece que em algum momento se vê influenciada por uma ou outra tendência da moda.

De fato, podemos afirmar que vivemos em busca de um modelo ideal, seja ele do corpo, do status social ou do intelecto. A exemplo do glamour do mundo fashion com as suas Bündchen’s e seus Gianecchini’s, o cinema também dá vida àquilo que gostaríamos de ser ou, pelo menos, de parecer. Aliás, se o contexto é aparência, Angelina Jolie não pode ficar fora. Não bastante as telonas, os quadrinhos também estrelam ícones, sejam eles mocinhos ou vilões. Zé Carioca, personagem criado por Walt Disney, incorpora um brasileiro malandro e não muito chegado ao trabalho.

Durante séculos, vários sociólogos se empenharam para explicar essa questão. Seus estudos apontaram que o processo de aculturação tem, desde as sociedades antigas - nas quais se inclue a civilização egípcia - impulsionado o fortalecimento de uma corrente ideológica que, na contemporaneidade, eleva a mídia de forma tal a ser cultuada como uma vitrine do melhor modo de vida e, sobretudo, de comportamento.

Por ora, quando recorremos exclusivamente à nossa capacidade de abstração, compreender conceitos como ideologia, aculturação e idealismo, pode-nos parecer complicado e de algum modo ineficaz. Dessa forma, quero estimular a reflexão sobre a busca do modelo ideal, colocando em evidência uma série de acontecimentos ocorridos na sociedade européia da idade média.

Trago à tona o movimento iluminista e, principalmente, o positivista. A partir do século XV, a população do velho continente começara a atestar os benefícios que os novos inventos e as novas descobertas da ciência podiam proporcionar. Assim, mesmo que ainda contidos pela opressão que a inquisição da Igreja os impunha, passaram a louvar e a reverenciar cientistas, astrônomos, físicos, matemáticos e de forma geral toda a classe acadêmica. De igual modo, nos dias atuais, vivemos sob o domínio majoritário de ideologias rigorosamente consumistas que ditam o estilo de vida nas chamadas “sociedades de massa”.

Gabriel Garcia Bernaz, em seu livro ¿Que és la cultura popular?, conceituou a ideologia como um corpo sistemático de idéias que é articulado por um grupo específico de pessoas. Um exemplo clássico da idéia do autor são as decisões tomadas nas reuniões entre líderes de blocos econômicos tais como o G-8 – grupo dos oito países mais industrializados do mundo, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e afins. No mundo da economia, sabe-se que as medidas de investimento ou de redução de gastos são vinculadas ao comportamento do mercado financeiro. Tal comportamento é amplamente influenciado pelas políticas adotadas pelos governos que, outrora, são reflexo da concepção ideológica dos membros que os compõem.

Dessa forma, podemos entender, sobretudo, que esta articulação de idéias sempre ocorrerá. Haja vista o ritmo frenético da vida nos grandes centros que nos leva à busca de algo bom e novo e ainda nos faz acreditar que a aquisição desses “valores” só se dá por intermédio de entidades que de forma consciente, ou não, postulamos serem produtoras de verdade e conhecimento.
Allan David Silva - Acadêmico de Jornalismo na Faculdade Araguaia e Consultor de Relacionamento na Atento Brasil S/A.

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